90 à 2008 - Aonde estão os estudantes?

O contato com a tecnologia, o capitalismo e o individualismo sem duvida influenciaram o jovem da década de 90. Apesar de muitos acreditarem que a atuação da juventude tenha ressurgido com o movimento dos caras-pintadas em 92, o que ocorre na verdade na década de 90 em geral foi um afastamento da juventude em questões políticas.
Há muitas hipóteses para se poder explicar essa retirada da força jovem no cenário político. Uma boa justificativa é o contexto histórico da década de 90, total-mente diferente dos tempos passados, quando havia um governo opressor e ditador. Mas mesmo com essa radical diferença de períodos, quando, no passado as injustiças e os crimes contra o povo eram bem mais visíveis e perceptíveis, nos anos 90 ainda existiam problemas dos mais variados gêneros. A força jovem era ainda necessária, mas estava ausente.
Outro motivo para a ausência da juventude na política foi a falta de convívio direto com os problemas do Brasil. Os jovens do passado eram submetidos ao regi-me militar, às suas injustiças, a toda opressão daquele sistema, sentindo diretamente os problemas do país, e, como não eram apenas uma parte de jovens sendo vitimas da ditadura e, sim, jovens do Brasil inteiro, houve grande mobilização. Já no contexto da década de 90, os problemas eram restritos apenas a uma parcela da população, e os jovens, em grande parte, tinham um contato indireto com tais problemas e pouco se mobilizavam devido ao comodismo gerado pela democratização, pelo individualismo gerado pelo capitalismo e por não haver força suficiente para protestar e lutar pela causa, em virtude dos poucos interessados em mudar a situação.
A moda e os grupos musicais nesse período foram outros fatores que distanciaram os jovens da política, pois a atenção da juventude foi em grande parte volta-da para esses fatores. Tribos urbanas como o Grunje e os Clubbers se tornaram muito mais atrativos que os movimentos estudantis, tendência originada já nos anos 80. Moda e música também se relacionavam com o individualismo e com o capitalismo da época.
Nos tempos atuais, houve um agravamento dos fatores que afastaram o jovem da vida política. A explosão da internet e suas conseqüentes democratização de informação e cultura individualizaram ainda mais os jovens. A mídia de massificação atingiu proporções nunca vistas e os grupos societais (subculturas urbanas) dos jovens foram diluídos e alguns até mesmo extintos.
Porém, com a velocidade da informação os jovens sabem muito mais com anda a política e todas as outras áreas do país e, às vezes, podem cobrar ainda mais rápido ações do governo simplesmente por um envio, em massa, de e-mails.
Logo, fica uma grande dúvida: o jovem de hoje participa mais ou menos do que os jovens das décadas anteriores?!